Na última quarta-feira (22) o congresso nacional aprovou o reajuste de R$ 1,9 bilhão para uma categoria específica dos servidores federais no Orçamento de 2022. Encabeçada pelo presidente Bolsonaro, a medida soa como um grito de desespero tentando manter as bases da segurança pública como aliados, enquanto ignora os demais servidores públicos.
Ressalta-se que um governo sério e compromissado com a efetivação de direitos e políticas públicas, deve buscar um planejamento robusto, simétrico e coerente (ou justo), quanto ao poder de compra de todos os servidores, e não apenas de uma categoria exclusiva. Em um país com atuais dois dígitos de inflação, ver o favorecimento de uma carreira em detrimento das demais, deixa claro a intenção do Governo Federal de colocar, novamente, os servidores em uma situação de rivalidade, assim como fez durante a tramitação da PEC 32/20, a reforma administrativa.
A maioria dos servidores enfrenta congelamentos em seus salários há anos, com remunerações reais reduzidas em até 24,7% pelo IPCA, e em 64,8%, pelo IGP-M, de acordo com estimativas oficiais. Assim como feito na PEC 23/21, dos precatórios, o governo federal entende sua decadência e se apoia em políticas de desprezo aos servidores públicos porque não consegue sustentar uma política governamental de preservação do poder de compra.
Com essas ações o atual governo federal cumpre exitosamente a tarefa de demonstrar seu desprezo por categorias como saúde e educação, e demonstra que seu compromisso não é e nunca foi com o Estado brasileiro, e sim com a reeleição e manutenção do poder, enquanto a população carece de efetivação de direitos e políticas públicas.