{"id":817,"date":"2021-02-23T12:16:25","date_gmt":"2021-02-23T15:16:25","guid":{"rendered":"https:\/\/www.servirbrasil.org.br\/?p=817"},"modified":"2021-02-23T12:16:25","modified_gmt":"2021-02-23T15:16:25","slug":"e-preciso-reinventar-a-pec-emergencial-e-a-reforma-administrativa","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/www.servirbrasil.org.br\/2021\/02\/e-preciso-reinventar-a-pec-emergencial-e-a-reforma-administrativa\/","title":{"rendered":"\u00c9 preciso reinventar a PEC Emergencial e a reforma administrativa"},"content":{"rendered":"
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) no 186\/2019, chamada PEC da Emerg\u00eancia Fiscal, e a Reforma Administrativa (PEC no 32\/2020) v\u00eam sendo apresentadas como instrumentos essenciais de consolida\u00e7\u00e3o fiscal, resgate da credibilidade e recupera\u00e7\u00e3o da economia. Mas o que trazem de concreto estas propostas?<\/p>\n
Justificada em 2019 como necess\u00e1ria \u00e0 \u201cconten\u00e7\u00e3o do crescimento das despesas obrigat\u00f3rias para todos os n\u00edveis de governo\u201d, a PEC 186\/2019 congela por tempo indeterminado sal\u00e1rios na administra\u00e7\u00e3o p\u00fablica, al\u00e9m de possibilitar sua redu\u00e7\u00e3o em at\u00e9 25% junto com jornada. No debate atual, outra raz\u00e3o \u00e9 evocada para justificar os cortes em pessoal: a busca de fontes de financiamento para a prorroga\u00e7\u00e3o do aux\u00edlio emergencial.<\/p>\n
A consolida\u00e7\u00e3o fiscal pregada pelos economistas de mercado, focada no gasto, desconsidera: (i) o papel de um projeto de desenvolvimento inclusivo e sustent\u00e1vel capaz de alavancar o crescimento e receitas; e (ii) uma reforma tribut\u00e1ria progressiva que taxe as maiores rendas e os grandes patrim\u00f4nios.<\/p>\n
Reduzir sal\u00e1rios e servi\u00e7os \u00e0 popula\u00e7\u00e3o n\u00e3o \u00e9 necess\u00e1rio \u00e0 recria\u00e7\u00e3o do aux\u00edlio emergencial porque num pa\u00eds que emite moeda s\u00e3o op\u00e7\u00f5es pol\u00edticas e regras fiscais mal desenhadas, como o teto de gastos, que n\u00e3o permitem acomodar despesas a emerg\u00eancias como a atual. Quando houve disposi\u00e7\u00e3o, como no ano passado com a cria\u00e7\u00e3o do or\u00e7amento de guerra<\/a>, os R$ 293 bilh\u00f5es de aux\u00edlio emergencial e os R$ 78 bilh\u00f5es de repasses a Estados e Munic\u00edpios (STN\/Resultado do Tesouro<\/a>) n\u00e3o exigiram cortes em outras despesas. O resultado concreto desta expans\u00e3o do gasto n\u00e3o foi uma crise de confian\u00e7a, mas uma menor queda do PIB e um menor crescimento do d\u00e9ficit e da d\u00edvida p\u00fablica do que os projetados; e com a fixa\u00e7\u00e3o da Selic no m\u00ednimo hist\u00f3rico, houve queda do Tamb\u00e9m \u00e9 perverso arrochar sal\u00e1rios de servidores quando 95% do emprego p\u00fablico concentra-se no Poder Executivo dos tr\u00eas n\u00edveis da federa\u00e7\u00e3o, com m\u00e9dia salarial de R$ 4.200,00 (ME\/RAIS, 2019<\/a>). No governo federal, h\u00e1 20 anos as despesas com a folha seguem est\u00e1veis em % do PIB, sem descontrole (STN\/Resultado do Tesouro<\/a>). Com ativos civis, o n\u00edvel real de gastos caiu 3,7% em 2020, regredindo a 2014. N\u00e3o h\u00e1 data-base no servi\u00e7o p\u00fablico, isto \u00e9, n\u00e3o h\u00e1 obrigatoriedade sequer de negocia\u00e7\u00e3o ano a ano. 80% do funcionalismo federal obteve o \u00faltimo reajuste em janeiro de 2017, sendo que a Lei Complementar no 173\/2020 congelou sal\u00e1rios at\u00e9 dezembro de 2021, gerando perda de poder de compra de 20% pelo IPCA ou 50% pelo IGP-M.<\/p>\n Tampouco seria suficiente cortar sal\u00e1rios para financiar o aux\u00edlio emergencial. Sem militares, que este ano ter\u00e3o os sal\u00e1rios majorados (como ocorre desde 2019 ininterruptamente), a folha de ativos do governo federal \u00e9 de R$ 140 bilh\u00f5es (STN\/Resultado do Tesouro). Por sua vez, as \u00e1reas de sa\u00fade e educa\u00e7\u00e3o, prestadoras diretas de servi\u00e7os \u00e0 popula\u00e7\u00e3o, respondem por 65% da for\u00e7a de trabalho civil. Supondo ineleg\u00edvel aos cortes este mesmo percentual, a economia anual com redu\u00e7\u00e3o de 25% nos sal\u00e1rios no governo federal somaria R$ 12,3 bilh\u00f5es, ou 4% do disp\u00eandio com aux\u00edlio emergencial em 2020. \u00c0 guisa de compara\u00e7\u00e3o, a Nota T\u00e9cnica UNAFISCO n. 15\/2020 (veja abaixo) calcula o potencial arrecadat\u00f3rio da reintrodu\u00e7\u00e3o da tributa\u00e7\u00e3o de lucros e dividendos das
\ncusto da d\u00edvida.<\/p>\n
\npessoas f\u00edsicas em R$ 54 bilh\u00f5es anuais.<\/p>\n